22/08/2016

Biólogos acham espécies raras de plantas 'primas' do ipê e da carqueja

Pesquisadores do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (UFG) descobriram duas novas espécies raras de plantas em Serranópolis, Mineiros, Jataí, e Chapadão do Céu, região sudoeste do estado. De acordo uma das coordenadoras do projeto, a bióloga Luzia Francisca de Souza, uma delas é da família do ipê e da catuaba e a outra é parente da carqueja.
Segundo a pesquisadora, ambas as espécies podem ter propriedades medicinais e até mesmo afrodisíacas. “As plantas da família dos ipês apresentam usos medicinais em determinadas comunidades. O ipê rosa tem compostos químicos que são usados para combater alguns tipos de câncer. A catuaba é reconhecidamente afrodisíaca. A outra planta é prima da carqueja, usada pra muita coisa. Velas vão ser estudadas para analisar qual o fim”, afirmou ao G1.
A primeira amostra da prima do ipê, nomeada Neojobertia alboaurantiaca, foi colhida em 2015, em Serranópolis, mas só recentemente foi identificada como uma espécie inédita. Trata-se de um tipo de trepadeira que gosta de locais secos e ensolarados.
Já a parente da carqueja, chamada pela ciência de Bacharis sp. novae, é uma erva que gosta de áreas úmidas, porém ensolaradas.
A descoberta foi feita durante um trabalho que tem por objetivo identificar as espécies de vegetação presentes nas regiões sudoeste e oeste do estado. A bióloga afirma que, ao recolher a amostra das duas plantas, não foi possível identificar a espécie. A partir daí começaram a desenvolver a pesquisa e análise das plantas.
De acordo com Luzia Francisca, o processo de identificação da espécie foi longo porque reuniu outras amostras de plantas recolhidas, por exemplo, no Jalapão.
“A gente recolheu a amostra de várias espécies, as que ficaram sem identificação nós encaminhamos para especialistas analisarem. Eles cruzaram todas as características genéticas do material e concluiu que tratava-se de tipos inéditos, com diferenças morfológicas em relação a outras plantas da família”, afirmou.
Além da identificação das duas espécies novas, o trabalho também identificou quatro plantas que nunca haviam sido encontradas em Goiás, chamadas pela ciência de Thismia panamensis, Bacopa scabra, Ocotea notata e Cereus bicolor. A primeira delas, segundo a pesquisadora, nunca havia sido vista no Brasil.

Ameaça
A pesquisadora alerta que as plantas, apesar de recém-descobertas, já podem ser consideradas ameaçadas de extinção. Para resguardar a existência delas, exemplares da vegetação foram depositados no Herbário Jataiense.
“De acordo com os critérios da UICN [União Internacional para a Conservação da Natureza], a Neojobertia já está na lista de espécies ameaçadas. A Bacharis ainda vai ser submetida à avaliação sobre os mesmos critérios e provavelmente estará também. Para se ter uma ideia eu consegui encontrar e colher apenas um exemplar durante todos estes anos de estudo”, revelou a pesquisadora.

Fonte: G1